sábado, 20 de setembro de 2014

ARTIGO: UTILIZAÇÃO DA MAQUETE PARA A COMPREENSÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DA COHAB FERNANDO FERRARI - SANTA MARIA/RS

Júlio César Lang¹, Gilda Maria Cabral Benaduce², Lurdes Maria Moro Zanon ³, Talitha Tomazetti Ribeiro de Oliveira³.
¹Autora; ² Orientadora; ³Co-autores.
Área do Subprojeto: Subprojeto Geografia PIBID - Geografia.

 1 INTRODUÇÃO       

O ensino de geografia é extremamente importante para que as novas gerações possam acompanhar e compreender as transformações do mundo. Há um renovado interesse na atualidade pela ciência geográfica por causa do processo de aceleração causado pela globalização no planeta.
Segundo Straforini (2004) o professor, neste contexto de transformação, deve proporcionar a construção de conceitos que possibilitem ao educando entender o seu presente e preocupar-se com o futuro. Todavia, o presente não pode ser entendido como estático e o indivíduo como um sujeito da história incapaz de transformá-la. O processo de ensino deve estar baseado na compreensão de que temos de pensar criticamente a realidade.
            A geografia, por sua vez, tem de munir os alunos de conhecimentos que lhes permitam fazer uma “correta” leitura do mundo, agir sobre a realidade e pensar a respeito do destino humano, contribuindo significativamente para a construção da cidadania. O estudo do espaço no qual estamos inseridos deve ser um dos primeiros passos no estudo da ciência geográfica. Todavia, o seu ensino também é um grande desafio para os educadores desta área, pois o período atual exige novas formas de trabalhar esta disciplina em sala de aula e às vezes é difícil motivar para o estudo uma geração de jovens e crianças “bombardeadas” quotidianamente por um grande número de informações.
O presente trabalho objetiva demonstrar a importância e a utilização da maquete para a compreensão do espaço geográfico da Cohab Fernando Ferrari, em Santa Maria/RS.
Justifica-se pela tentativa de se livrar dos parâmetros propostos pela Geografia Tradicional, almejando vencer o espírito descritivo, a mera transmissão de conhecimentos e a separação entre os conteúdos geográficos (divididos em humanos e físicos).
Ele se baseia nas experiências adquiridas pelo grupo de bolsistas do curso de Geografia Licenciatura Plena do Programa Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência (PIBID), do ano de 2011, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Édna May Cardoso (localizada no Bairro Camobi, em Santa Maria/RS).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
             A disciplina de geografia exige uma nova abordagem na sala de aula, voltada para um mundo em constante transformação. Desta forma
O ensino de Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aparência (na maioria das vezes impostos à “memória” dos alunos sem real interesse por parte deles). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições (CAVALCANTE, 1998, p.20).

O ensino de geografia nas escolas deve primeiramente estar voltado para o conhecimento do espaço vivido pelos alunos, analisando suas transformações e compreendendo que estas são causadas pelos agentes sociais. Assim sendo
Entre o homem e o lugar existe uma dialética, um constante movimento: se o espaço contribui para a formação do ser humano, este, por sua vez, com sua intervenção, com seus gestos, com seu trabalho, com suas atividades, transforma constantemente o espaço. (CAVALCANTE, 1998, p.24).

Então podemos compreender que é necessário que os alunos conheçam o espaço onde estão inseridos, entendam que as diversas transformações que ocorreram e acontecem são ações de produção social. Sendo essenciais estas obras para a sobrevivência, pois todas as produções correspondem a uma procura de maior estabilidade social, melhor qualidade de vida e maior comodidade.
O ser humano transforma o espaço que vive e ao mesmo tempo este contribui para suas práticas sociais. Desta maneira tomamos como referência a Cohab Fernando Ferrari para as explicações do espaço geográfico em constante transformação, representando-o em uma maquete, pelo fato de ser um recurso que proporciona ampla compreensão do espaço geográfico.
O uso de maquetes como recurso didático é uma alternativa que veio para auxiliar os educandos na construção de conhecimento, justamente pelo fato de que facilita a compreensão dos conteúdos de forma motivadora e prática. Sendo assim, a finalidade da construção da maquete com referência a Cohab Fernando Ferrari é despertar o interesse dos alunos, além de ajudar na compreensão do conteúdo.
Simielli (1991) considera a maquete como um mapa em miniatura, onde é representada tridimensionalmente a superfície terrestre. Afirma que o seu uso permite trabalhar a Geografia de forma inovadora, visto que ela possibilita a visualização das formas e as interações que ocorrem no meio, facilitando a aprendizagem, fazendo com que o aluno trabalhe com algo concreto e palpável.
A proposta da construção da maquete da Cohab Fernando Ferrari é que ela deve ser utilizada como recurso didático, para reforçar o aprendizado dos alunos das séries do Ensino Fundamental, justamente pelo fato de que é nestas turmas que são trabalhados os temas como o clima, a hidrografia, a ocupação geográfica, o relevo, a urbanização, entre outros, como previsto pelo currículo escolar. Abarca o fato de que o ensino da geografia exige uma maior discussão das mudanças ocorridas no espaço e nas relações homem/meio, que com utilização das maquetes torna muito mais fácil a percepção de uma criança em relação à transformação ocorrida no espaço geográfico.

3 METODOLOGIA
       A elaboração da maquete foi realizada através de uma revisão bibliográfica envolvendo assuntos referentes à construção de maquetes, aos modos como aplicá-la em sala de aula e aos aspectos físicos e humanos da Cohab em estudo. Sendo dividida sua elaboração em várias etapas.
Primeiramente foi feita a configuração e impressão de uma imagem de satélite da Cohab Fernando Ferrari (com boa resolução), no Bairro Camobi – Santa Maria/RS, e também uma da carta da mesma área, sendo as duas com sobreposição das curvas de nível com equidistância de 02 metros, estando as duas em A1. Após juntamos o material necessário para a confecção da maquete (12 folhas de isopor tamanho A1 com espessura de 5 milímetros, 1 folha de isopor tamanho A1 com espessura de 5 centímetros, 5 colas de isopor, 1  tesoura). Depois havendo a transferência das curvas de nível e dos limites da área estudada (representada na carta) para o papel transparente, cada intervalo altimétrico para uma folha diferente (iniciando o processo a partir da curva mais baixa, para assim facilitar o processo de colagem dos níveis). Após esta etapa, ocorreu o corte de cada uma das folhas de isopor de acordo com a curva de nível que ela representa. Posteriormente foi colada cada uma das folhas recortadas sobre os isopores, sendo a primeira colada no isopor de espessura 5 centímetros, e assim seguindo da menor curva de nível até a maior, moldando a altimetria do terreno. Por final foram recortadas cada curva de nível da impressão da imagem de satélite (colorida) da Cohab Fernando Ferrari e colado cada um dos recortes sobre o respectivo valor de curva de nível representada na maquete.
Ela proporciona diversas vantagens como: fazer com que o aluno enxergue o relevo da área em estudo; promover um processo de ensino-aprendizagem que não fica apenas na abstração; incentivar o exercício da orientação e compreensão geográfica; colaborar para o processo de desenvolvimento cognitivo da criança e do adolescente; servir de auxílio para reforçar o conteúdo que está sendo estudado; entre outros.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
         A maquete foi escolhida pelos integrantes do Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID) do curso de Geografia Licenciatura Plena como recurso de auxílio didático, pelo fato de oferecer aos educandos a visualização da área que está sendo trabalhada no ambiente escolar.
A aplicação da maquete na Escola Estadual de Ensino Fundamental Édna May Cardoso obteve bons resultados até o presente momento. Nota-se que muitos alunos pela primeira vez na sua vida puderam enxergar um dos seus espaços de vivência, a Cohab Fernando Ferrari, em três dimensões.
Observa-se, através das opiniões manifestadas nas oficinas de geografia, que é muito mais fácil entender o arranjo espacial com o auxílio da maquete do que em relação ao mapa bidimensional.                        

5 CONCLUSÕES
          Infelizmente, o número reduzido de aulas destinado à Geografia e o uso quase exclusivo, pelo professor, do livro didático como único material de aula, prejudicam a assimilação de conceitos geográficos fundamentais por parte dos alunos, o que desestimula o aprendizado. Por isto, é necessário que o professor compreenda que possui um papel fundamental no processo de aprendizagem e que novos recursos de auxílio didático sejam buscados com o intuito de dinamizar as aulas.
A presente pesquisa concluiu que a utilização da maquete da Cohab Fernando Ferrari, construída com o propósito descrito anteriormente, revelou-se extremamente  interessante pois pode ser confeccionada com materiais simples, por um custo baixo e proporciona situações de observação, interação e comparação, e levantamento de questões sobre o espaço representado na maquete e as questões interligadas a ele.
A aplicação deste recurso didático até o presente momento na Escola Estadual de Ensino Fundamental Édna May Cardoso foi uma experiência nova e positiva para os alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa à Iniciação a Docência, porque é interessante desenvolver materiais que complementem as aulas de geografia, dinamizem a disciplina e auxiliem na construção do pensamento dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTI, L. S. GEOGRAFIA, ESCOLA E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS. Campinas, SP: Papirus, 1998.

STRAFORINI, R. ENSINAR GEOGRAFIA: o desafio da totalidade-mundo nas séries iniciais. São Paulo: Annablume, 2004.


SIMIELI, H. M. Et al. DO PLANO TRIDIMENSIONAL: A maquete como Recurso Didático. In Boletim Paulista de Geografia, São Paulo: AGB/São Paulo, 1991.

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