sábado, 20 de setembro de 2014

ARTIGO: A GEOGRAFIA – ISSO SERVE, ANTES DE MAIS NADA, PARA A COMPREENSÃO DO MUNDO

SUBPROJETO GEOGRAFIA PIBID - 2011

Júlio César Lang¹, Gilda Maria Cabral Benaduce², Reginaldo Pires Soares³

                                                                                                                   
1 INTRODUÇÃO
  
Embora estejamos no século XXI, infelizmente, ainda há na sociedade brasileira grande número de analfabetos. Os indivíduos nesta situação necessitam do auxílio de um alfabetizado para dizer-lhes qual ônibus tomar, a fila para acessar o caixa do banco, as possíveis opções do cardápio do restaurante, o local de pagamento de determinada conta, o significado do manual do eletrodoméstico, entre outros. A alfabetização proporciona a saída da posição de “refém das letras”.
Do mesmo modo, a alfabetização cartográfica se contorna de importância ao possibilitar melhor compreensão do mundo ao educando por meio da utilização de cartas, mapas, planos e demais recursos cartográficos, auxiliando na conquista de autonomia no sentido do entendimento dos utensílios da cartografia, no desenvolvimento da consciência crítica e até mesmo nas escolhas quotidianas.
Com a ampliação do acesso ao conhecimento por meio dos recursos tecnológicos e a Internet como valioso instrumento para a propagação de informações, grandes grupos econômicos – pertencentes a poderosos capitalistas internacionais – encontraram uma força antagônica contra o estabelecimento da hegemonia a qual tentam impor. No entanto, é necessário saber utilizar a ampla gama de ferramentas existentes (globos, mapas, planisférios, projeções em 3D, etc.). Eis aí, uma significativa contribuição do professor de geografia – por intermédio da alfabetização cartográfica – para a educação.
PASSINI (2012, p.210) aborda: “Podemos considerar a Alfabetização Cartográfica um processo de aquisição de habilidades para ler o espaço, suas relações espaciais e ver ‘o que o mapa revela’”.
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Autor e apresentador¹, orientadora², coautor³
O presente trabalho justifica-se pela parceria do subprojeto PIBID/Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com o Instituto Estadual Luiz Guilherme do Prado Veppo (Bairro Tomazetti), em Santa Maria/RS, com a razão de contribuir à formação de professores, o melhor entendimento da ciência geográfica e o alavancamento dos índices de educação nesta instituição de ensino público estadual santa-mariense.
O referido trabalho tem como objetivo geral relatar atividade de alfabetização cartográfica desenvolvida no oitavo ano do ensino fundamental, e como objetivos específicos: a) Abordar a alfabetização cartográfica, a qual, inexplicavelmente, muitas vezes, recebe pouca ênfase nas aulas de geografia das escolas; b) Destacar o desenvolvimento de noções de lateralidade, rosa dos ventos, movimento aparente do sol e curiosidades e características de lugares do globo terrestre aos educandos, através de uma atividade relativamente simples e de baixo custo; c) Enfatizar o importante papel da ciência geográfica para a compreensão do mundo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
  
LACOSTE (2009, p.254) coloca “o mundo é ininteligível para quem não tem um mínimo de conhecimento geográfico”.
O processo alfabetizador, neste contexto, é extremamente importante para o crescimento pessoal do educando. Especialmente a alfabetização cartográfica. Ninguém nasce habilitado a “ler” um mapa e a compreender a legenda. É tarefa do educador esclarecer as dúvidas do aluno e ensiná-lo a utilizar os diversos tipos de recursos cartográficos.
LACOSTE (2009, p.38) ressalta: “cartas, para quem não aprendeu a lê-las e utilizá-las, sem dúvida, não têm qualquer sentido, como não teria uma página escrita para quem não aprendeu a ler”.
O mapa não consiste em mera figura ilustrativa. É um meio pelo qual se expressam ideias. Deve ser elaborado para comunicar. A alfabetização cartográfica se faz necessária, neste contexto, à interpretação das informações contidas no produto cartográfico.
Ensinar Geografia não é meramente simplificar espaços, “fechando” mapas, como se tudo fosse simplista. É mais do que isto, é ensinar os pormenores ocultos por detrás do espaço geográfico, as transformações da sociedade, as nuances existentes na relação homem versus natureza, a compreensão das relações espaciais, a distribuição dos fenômenos geográficos, entre outros.
A disciplina de geografia exige nova abordagem na sala de aula, voltada para o mundo em constante transformação. Desta forma

O ensino de Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aparência (na maioria das vezes impostos à “memória” dos alunos sem real interesse por parte deles). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições (CAVALCANTE, 1998, p.20).

A alfabetização cartográfica pode ser um dos fios condutores para nova sociedade, em que o pensamento cartesiano e positivista é superado, e o coletivo sobrepõe o individual.

3 METODOLOGIA
  
Consistiu em espaço de reflexão e diálogo entre educador e educando, desafiando o discente a localizar determinados países dentro do mapa-múndi, para a partir daí indagá-lo sobre qual posição (esquerda, direita, norte, sul, leste, oeste, hemisfério, latitude, longitude, entre outros.) este ocupa diante de outros países. Em seguida, realizando conexões entre as informações conhecidas pela turma e, por fim, buscando descobrir o que o educando sabia a respeito do país a qual teve de indicar a localização.
Por meio da atividade realizada, se tornou possível trabalhar com noções de lateralidade, rosa dos ventos, movimento aparente do sol, bem como, curiosidades e características de lugares da Terra (além de possibilitar o manuseio de mapas o qual inúmeras vezes permanece ausente das aulas de Geografia).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
  
A turma, de modo geral, gostou bastante da atividade levada a cabo pelos bolsistas do subprojeto PIBID/Geografia. A maioria dos educandos surpreendeu-se com a importância da ciência geográfica para a compreensão do mundo. A Geografia não é apenas saber nomes de capitais e países, mas sim, entender as relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza sobre o espaço geográfico.
Com uma maior abordagem da alfabetização cartográfica na sala de aula, certamente diversas dúvidas e inquietações do alunado podem ser superadas, através de um processo de ensino – aprendizagem que não enfatize a decoreba, mas sim, a construção do pensamento crítico e a assimilação dos saberes de modo que não sejam tão facilmente esquecidos como o conteúdo gravado pela primeira (decoreba).
É preciso trabalhar de forma prática a alfabetização cartográfica considerando o indivíduo como ser de vontade e não como mero “telespectador” dos fatos. A transformação social do país, com bom indicadores de qualidade de vida, não ocorre somente na escola, mas impreterivelmente passa por ela.
  
5 CONCLUSÕES
  
A atividade realizada no Instituto Estadual Luiz Guilherme Prado Veppo demonstrou grandes dificuldades quanto à identificação cartográfica de países e continentes por parte de inúmeros educandos. Muitos, infelizmente, não sabiam encontrar o Brasil em meio ao panorama de países existente no mapa múndi.
Quanto à lateralidade, rosa dos ventos e movimento aparente do Sol as dificuldades eram ainda maiores. É necessário, neste contexto, que o professor utilize algumas aulas com o objetivo de reforçar estas noções importantes para o entendimento do espaço.
O educador, neste contexto, precisa enxergar as disparidades quanto ao entendimento geográfico, com a finalidade de poder auxiliar na superação destes déficits educacionais e permitir uma melhor aprendizagem dos mesmos.
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTI, L. S. GEOGRAFIA, ESCOLA E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS. Campinas, SP: Papirus, 1998.

LACOSTE, Y. A GEOGRAFIA: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Tradução de Maria Cecília França. 15. ed. Campinas: Papirus, 2009.



PASSINI, E. Y. ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA E A APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

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