SUBPROJETO
GEOGRAFIA PIBID - 2011
Júlio
César Lang¹, Gilda Maria Cabral Benaduce², Reginaldo Pires Soares³
1 INTRODUÇÃO
Embora estejamos no
século XXI, infelizmente, ainda há na sociedade brasileira grande número de analfabetos.
Os indivíduos nesta situação necessitam do auxílio de um alfabetizado para
dizer-lhes qual ônibus tomar, a fila para acessar o caixa do banco, as possíveis
opções do cardápio do restaurante, o local de pagamento de determinada conta, o
significado do manual do eletrodoméstico, entre outros. A alfabetização
proporciona a saída da posição de “refém das letras”.
Do
mesmo modo, a alfabetização cartográfica se contorna de importância ao
possibilitar melhor compreensão do mundo ao educando por meio da utilização de
cartas, mapas, planos e demais recursos cartográficos, auxiliando na conquista
de autonomia no sentido do entendimento dos utensílios da cartografia, no
desenvolvimento da consciência crítica e até mesmo nas escolhas quotidianas.
Com
a ampliação do acesso ao conhecimento por meio dos recursos tecnológicos e a
Internet como valioso instrumento para a propagação de informações, grandes
grupos econômicos – pertencentes a poderosos capitalistas internacionais –
encontraram uma força antagônica contra o estabelecimento da hegemonia a qual
tentam impor. No entanto, é necessário saber utilizar a ampla gama de
ferramentas existentes (globos, mapas, planisférios, projeções em 3D, etc.).
Eis aí, uma significativa contribuição do professor de geografia – por
intermédio da alfabetização cartográfica – para a educação.
PASSINI
(2012, p.210) aborda: “Podemos considerar a Alfabetização Cartográfica um
processo de aquisição de habilidades para ler o espaço, suas relações espaciais
e ver ‘o que o mapa revela’”.
_____
Autor e apresentador¹,
orientadora², coautor³
O
presente trabalho justifica-se pela parceria do subprojeto PIBID/Geografia da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com o Instituto Estadual Luiz
Guilherme do Prado Veppo (Bairro Tomazetti), em Santa Maria/RS, com a razão de
contribuir à formação de professores, o melhor entendimento da ciência geográfica
e o alavancamento dos índices de educação nesta instituição de ensino público
estadual santa-mariense.
O
referido trabalho tem como objetivo geral relatar atividade de alfabetização
cartográfica desenvolvida no oitavo ano do ensino fundamental, e como objetivos
específicos: a) Abordar a alfabetização cartográfica, a qual,
inexplicavelmente, muitas vezes, recebe pouca ênfase nas aulas de geografia das
escolas; b) Destacar o desenvolvimento de noções de lateralidade, rosa dos
ventos, movimento aparente do sol e curiosidades e características de lugares
do globo terrestre aos educandos, através de uma atividade relativamente simples
e de baixo custo; c) Enfatizar o importante papel da ciência geográfica para a
compreensão do mundo.
2
REFERENCIAL TEÓRICO
LACOSTE
(2009, p.254) coloca “o mundo é ininteligível para quem não tem um mínimo de
conhecimento geográfico”.
O
processo alfabetizador, neste contexto, é extremamente importante para o
crescimento pessoal do educando. Especialmente a alfabetização cartográfica. Ninguém
nasce habilitado a “ler” um mapa e a compreender a legenda. É tarefa do
educador esclarecer as dúvidas do aluno e ensiná-lo a utilizar os diversos
tipos de recursos cartográficos.
LACOSTE
(2009, p.38) ressalta: “cartas, para quem não aprendeu a lê-las e utilizá-las,
sem dúvida, não têm qualquer sentido, como não teria uma página escrita para
quem não aprendeu a ler”.
O
mapa não consiste em mera figura ilustrativa. É um meio pelo qual se expressam
ideias. Deve ser elaborado para comunicar. A alfabetização cartográfica se faz
necessária, neste contexto, à interpretação das informações contidas no produto
cartográfico.
Ensinar
Geografia não é meramente simplificar espaços, “fechando” mapas, como se tudo
fosse simplista. É mais do que isto, é ensinar os pormenores ocultos por detrás
do espaço geográfico, as transformações da sociedade, as nuances existentes na
relação homem versus natureza, a compreensão das relações espaciais, a
distribuição dos fenômenos geográficos, entre outros.
A
disciplina de geografia exige nova abordagem na sala de aula, voltada para o
mundo em constante transformação. Desta forma
O ensino de
Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e enumeração de dados,
priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aparência (na maioria
das vezes impostos à “memória” dos alunos sem real interesse por parte deles).
Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço
geográfico na sua concretude, nas suas contradições (CAVALCANTE, 1998, p.20).
A
alfabetização cartográfica pode ser um dos fios condutores para nova sociedade,
em que o pensamento cartesiano e positivista é superado, e o coletivo sobrepõe
o individual.
3
METODOLOGIA
Consistiu em espaço de
reflexão e diálogo entre educador e educando, desafiando o discente a localizar
determinados países dentro do mapa-múndi, para a partir daí indagá-lo sobre qual
posição (esquerda, direita, norte, sul, leste, oeste, hemisfério, latitude,
longitude, entre outros.) este ocupa diante de outros países. Em seguida,
realizando conexões entre as informações conhecidas pela turma e, por fim,
buscando descobrir o que o educando sabia a respeito do país a qual teve de
indicar a localização.
Por meio da atividade
realizada, se tornou possível trabalhar com noções de lateralidade, rosa dos
ventos, movimento aparente do sol, bem como, curiosidades e características de
lugares da Terra (além de possibilitar o manuseio de mapas o qual inúmeras vezes
permanece ausente das aulas de Geografia).
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A
turma, de modo geral, gostou bastante da atividade levada a cabo pelos
bolsistas do subprojeto PIBID/Geografia. A maioria dos educandos surpreendeu-se
com a importância da ciência geográfica para a compreensão do mundo. A
Geografia não é apenas saber nomes de capitais e países, mas sim, entender as
relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza sobre o espaço
geográfico.
Com
uma maior abordagem da alfabetização cartográfica na sala de aula, certamente
diversas dúvidas e inquietações do alunado podem ser superadas, através de um
processo de ensino – aprendizagem que não enfatize a decoreba, mas sim, a
construção do pensamento crítico e a assimilação dos saberes de modo que não
sejam tão facilmente esquecidos como o conteúdo gravado pela primeira
(decoreba).
É
preciso trabalhar de forma prática a alfabetização cartográfica considerando o
indivíduo como ser de vontade e não como mero “telespectador” dos fatos. A transformação
social do país, com bom indicadores de qualidade de vida, não ocorre somente na
escola, mas impreterivelmente passa por ela.
5
CONCLUSÕES
A
atividade realizada no Instituto Estadual Luiz Guilherme Prado Veppo demonstrou
grandes dificuldades quanto à identificação cartográfica de países e
continentes por parte de inúmeros educandos. Muitos, infelizmente, não sabiam
encontrar o Brasil em meio ao panorama de países existente no mapa múndi.
Quanto
à lateralidade, rosa dos ventos e movimento aparente do Sol as dificuldades
eram ainda maiores. É necessário, neste contexto, que o professor utilize
algumas aulas com o objetivo de reforçar estas noções importantes para o
entendimento do espaço.
O
educador, neste contexto, precisa enxergar as disparidades quanto ao
entendimento geográfico, com a finalidade de poder auxiliar na superação destes
déficits educacionais e permitir uma melhor aprendizagem dos mesmos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTI, L. S. GEOGRAFIA, ESCOLA E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS. Campinas, SP:
Papirus, 1998.
LACOSTE, Y. A
GEOGRAFIA: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Tradução de
Maria Cecília França. 15. ed. Campinas: Papirus, 2009.
PASSINI, E. Y. ALFABETIZAÇÃO
CARTOGRÁFICA E A APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
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