Apresentadora:
Lurdes Moro Zanon.
Orientadora:
Profª. Drª. Gilda Maria Cabral Benaduce.
Co-autores:
Marcos Rafael Tavares;
Tassia
Farencena Pereira;
Área
do Sub-projeto: Sub-projeto
Geografia PIBID – Geografia – UFSM – CAPES
Curso de
Geografia – Universidade Federal de Santa Maria
Palavras-Chave: Ensino de geografia, Localização
espacial, orientação.
INTRODUÇÃO
O ensino de geografia esta baseado em estruturas
que permitem compreender a distribuição de elementos no espaço. Desta maneira o
estudo da cartografia é de fundamental importância para se entender essa
constituição, principalmente no que tange a questão de orientação baseada nos
pontos cardeais. Sabendo que este aprendizado é abordado nas instituições de
ensino, abrangendo todas as etapas de ensino desde os anos iniciais até os
finais.
Partindo desse pressuposto justificamos a
elaboração da atividade “orientando-se no espaço” pela importância da compreensão e do uso desse
conhecimento no cotidiano das pessoas. Pois se observa em muitas situações
escolares, que o ensino de geografia é construído de uma maneira extremamente
conceitual tendo apenas o embasamento teórico, o que resulta numa dificuldade
de compreensão por parte dos alunos, sendo identificada principalmente no que
tange os conhecimentos cartográficos.
Neste contexto, se objetivou
através da elaboração desta atividade que os alunos reforçassem os saberes
cartográficos, construindo noções de espacialidade, lateralidade, coordenadas
geográficas, recebendo ênfase o esclarecimento entre os conceitos de
localização e orientação, que normalmente são usados erroneamente.
A
atividade proposta foi pensada com uma visão de construir o conhecimento de
forma prática, onde os educandos são os atores da aula, ou seja, são eles que
formam os saberes através da sua participação e da mediação do professor.
A
atividade foi realizada no Instituto Estadual Luís Guilherme Prado Veppo, que se
localiza no bairro Tomazetti, na região sul do município de Santa Maria, a
atividade teve como público alunos de uma turma de primeiro ano do ensino
médio. Essa escola esta vinculada ao projeto PIBID Geografia da Universidade
Federal de Santa Maria, que tem o intuito de tornar o aprendizado de geografia
mais dinâmico e prático baseados em novos métodos de ensino.
REFERENCIAL TEÓRICO
O ensino de geografia nas escolas
necessita atualmente necessita de reformulação, afim de que sejam feitas novas
considerações sobre a maneira de proporcionar o aluno maior conhecimento, na
qual faça sentido a sua vida. Nesse sentido
O
ensino de Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e enumeração de
dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aparência (na
sua maioria das vezes impostos à “memória” dos alunos, sem real interesse por
partes destes). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do
espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições.” CAVALCANTI, p.20.
1998.
Dessa forma, podemos entender que o
ensino da geografia não deve basear-se em algo onde os alunos decorem o
conteúdo, em algo distante do seu cotidiano. Assim é importante que sejam
propostas atividades práticas onde os educando possam construir seu conhecimento.
Segundo FRANCISCHETT, 2005, p. 136 “é através de atividades práticas que a
criança aprende a se localizar, a se posicionar e a se orientar”.
Frequentemente ouvimos perguntas como: De onde
viemos? Como iremos? Onde estamos? Para onde vamos? Estas são mencionadas em diferentes medidas,
mas nem sempre são resolvidas. Constituem-se questões que interessam, e
influenciam diretamente, a vida dos indivíduos de diferentes atividades. Com
globalização, a localização e orientação, ganham maior dimensão, onde os nomes
dos lugares, os contextos e desfechos dos diversos tipos de representações
gráficas, abrangem muitos conhecimentos em relação a nossa posição, de outras
pessoas e lugares no espaço geográfico.
Localização
e orientação são requisitos para o entendimento de muitas representações
cartográficas, sendo de imprescindível importância para o ensino de geografia.
A palavra orientação não é recente nem desconhecida, pois em meados de 1786
Kant já fazia menção a mesma em sua obra “Que significa orientar-se no
pensamento?”, escrevendo da seguinte maneira:
Orientar-se,
no genuíno significado da palavra, quer dizer, a partir de uma dada região
cósmica (uma das quatro em que dividimos o horizonte) encontrar as restantes,
ou seja, o ponto inicial. Se vejo o Sol no céu e sei que agora é meio-dia, sei
encontrar o Sul, o Oeste, o Norte e o Oriente. Mas, para esse fim, preciso do
sentimento de uma diferença quando ao meu próprio sujeito, a saber, a diferença
entre direita e a esquerda. Dou-lhe o nome de sentimento porque, exteriormente,
estes dois lados não apresentam na intuição nenhuma diferença notável (MORÃO,
2005, p.5).
Merece
atenção a menção de Kant ao que chama de sentimento, o que se concluiu ser o
conhecimento, aquela coisa que se aprende e que não deixando de ser uma
mensagem subjetiva. Nesse contexto o
autor destaca que o individuo sem saber diferenciar esquerda e direita, em qualquer
posição que se encontre, não conseguira localizar-se e muito menos
orientar-se. Pois para ele, sem a
faculdade de diferenciar direita e esquerda, ao traçar um círculo, sem a ele
aludir qualquer diferença dos objetos, mas diferenciando, entretanto, o
movimento que vai da esquerda para a direita daquele em sentido oposto e
determinando assim, a priori, uma diferença na posição dos objetos, não saberia
situar o Ocidente à direita ou à esquerda do ponto Sul do horizonte. Na
sequencia, deveria completar o círculo através do Norte e do Oriente, até
chegar de novo ao Sul.
O
processo mencionado anteriormente diferencia a localização de orientação. Sendo que a localização parte do princípio da
centralidade e lateralidade do objeto referido, ou seja, da posição em relação
ao do ponto de referência. Já a orientação parte do princípio que o referente é
o Oriente, usando como referência então os pontos cardeais.
É
importante que o aluno se localize no espaço onde vive e entenda que isso não é
“obra do acaso”. A representação cartográfica possibilita a compreensão,
distribuição e organização do espaço, é uma das preocupações da Geografia.
(FRANCISCHETT, 2002, p. 111). Nessa perspectiva é importante salientar que no
contexto escolar do ensino de geografia concorda-se com FRANCISCHETT (2002,
p.60), ao afirmar que as dificuldades em torno da aprendizagem de localização e
orientação provém da falta de hábito de utilizarem, na prática cotidiana, estes
conceitos. Na escola, quando muito, são feios alguns exercícios no mapa, mesmo
sem este estar devidamente orientado.
Para
que os conceitos e noções cartográficas, bem como qualquer outro conhecimento
sejam apreendidos cognitivamente, é imprescindível uma ligação entre o que foi estudado,
sua importância e significado na prática.
METODOLOGIA
Para
a realização da atividade num primeiro momento foi feita uma explicação prévia a respeito das noções
de espacialidade, suas funções e aplicações na prática cotidiana, bem como a
importância desta na vida dos indivíduos, isso ajudou na compreensão de conceitos geográficos no
que tange a questão de localização de um indivíduo ou
mais no espaço em questão.
Na
segunda parte, se trabalhou
com localização dos alunos tendo como local de espacialização, a quadra de esportes
da escola, esta serviu de base para que os educandos construíssem suas noções de localização tendo
ajudado mapa-múndi. Pediu-se a eles, tendo em vista os conceitos
de hemisfério norte (setentrional,
boreal) e sul (meridional, austral), ocidental e oriental, com a oportunidade dos alunos visualizarem por
alguns instantes o mapa-múndi, para que houvesse uma recordação da presente configuração dos
países na projeção em questão.
Com
o uso de um giz foi proposto aos alunos visualização dos pontos cardeais, seguida da construção e demarcação nos
limites da quadra dos meridianos e dos paralelos principais. Partindo disto,
foram dados alguns nomes de
países pelo
qual a turma inteira deveria
deslocar-se
aos lugares que acreditavam ser a
localização exata dos países citados, orientando-se pelas
demarcações na quadra dos
pontos cardeais e a convenção de meridiano e paralelo.
É importante frisar que a todos
os momentos foram trabalhados de forma prática usando conceitos bastante significativos da construção de um saber geográfico
e
sempre buscando referenciais na
vida dos alunos. Os alunos durante toda a atividade, exceto nos momentos de
deslocamento de um país para outro, puderam ter o auxilio o atlas geográfico
no caso do surgimento de dúvidas, que puderam ser evidentes, já que implicou num momento de construção do conhecimento
geográfico.
Ao término deste primeiro
contato prático, houve a
introdução dos conceitos de coordenadas geográficas, usando a mesma quadra
como objeto de aprendizagem.
Nas extremidades desta, se encontrávamos respectivos graus que representam as
principais latitudes e
longitudes do globo terrestre, os conceitos estavam implícitos no momento da explicação da presente
atividade. Os alunos deveriam utilizar os conceitos anteriormente adquiridos até o
momento, para que se orientassem. Depois de solicitado os pontos que estariam previamente
georreferenciados com as
respectivas latitudes e longitudes eles se deslocavam para os respectivos lugares. Estes
pontos quando corretos resultavam na localização exata de determinados lugares.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A
elaboração da atividade “orientando-se no espaço” foi planejada por parte do
grupo PIBID, como forma de auxílio na aprendizagem do ensino de geografia,
sendo pautados na abordagem cartográfica, pelo fato de oferecer aos educandos a
visualização, a prática e a construção de noções básicas norteadores dessa
abordagem.
As
vantagens dessa atividade foram perceptíveis, pois aos poucos se observou o
maior envolvimento e empenho dos alunos na busca de tentar solucionar as
questões propostas, a participação dos mesmos foi muito grande, pode-se
constatar a compreensão dos conceitos trabalhados através do retorno dos
alunos.
CONCLUSÕES
Com base na aplicação da atividade “orientando-se
no espaço” pode-se perceber o ensino de geografia não se baseia apenas nos
conhecimentos dados em sala de aula, compreendendo a teoria, é necessário o
desenvolvimento de práticas, na qual o aluno seja participante dessas.
Portanto
entendemos que além do educando ser o autor desse conhecimento, é importante as
atividades estarem relacionadas ao cotidiano, dando sentido a abordagem,
favorecendo maior aprendizado e também aproveitando o que o ambiente escolar
oferece.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTE, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas,
SP,1998.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. Cartografia
no ensino da geografia:
construindo
caminhos do cotidiano. Rio de Janeiro: KroArt, 2002.
KANT. I. (1786) Que significa orientar-se no pensamento?
Tradução: Artur MORÃO, LusoSofia:press, 2005.
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