sábado, 20 de setembro de 2014

ARTIGO: O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA ESCOLAR: ORIENTANDO-SE NO ESPAÇO.

Apresentadora: Lurdes Moro Zanon.
Orientadora: Profª. Drª. Gilda Maria Cabral Benaduce.
Co-autores: Marcos Rafael Tavares;
Tassia Farencena Pereira;

Área do Sub-projeto: Sub-projeto Geografia PIBID – Geografia – UFSM – CAPES
Curso de Geografia – Universidade Federal de Santa Maria

Palavras-Chave: Ensino de geografia, Localização espacial, orientação.

INTRODUÇÃO
O ensino de geografia esta baseado em estruturas que permitem compreender a distribuição de elementos no espaço. Desta maneira o estudo da cartografia é de fundamental importância para se entender essa constituição, principalmente no que tange a questão de orientação baseada nos pontos cardeais. Sabendo que este aprendizado é abordado nas instituições de ensino, abrangendo todas as etapas de ensino desde os anos iniciais até os finais.
Partindo desse pressuposto justificamos a elaboração da atividade “orientando-se no espaço” pela importância da compreensão e do uso desse conhecimento no cotidiano das pessoas. Pois se observa em muitas situações escolares, que o ensino de geografia é construído de uma maneira extremamente conceitual tendo apenas o embasamento teórico, o que resulta numa dificuldade de compreensão por parte dos alunos, sendo identificada principalmente no que tange os conhecimentos cartográficos.
Neste contexto, se objetivou através da elaboração desta atividade que os alunos reforçassem os saberes cartográficos, construindo noções de espacialidade, lateralidade, coordenadas geográficas, recebendo ênfase o esclarecimento entre os conceitos de localização e orientação, que normalmente são usados erroneamente.
 A atividade proposta foi pensada com uma visão de construir o conhecimento de forma prática, onde os educandos são os atores da aula, ou seja, são eles que formam os saberes através da sua participação e da mediação do professor.
A atividade foi realizada no Instituto Estadual Luís Guilherme Prado Veppo, que se localiza no bairro Tomazetti, na região sul do município de Santa Maria, a atividade teve como público alunos de uma turma de primeiro ano do ensino médio. Essa escola esta vinculada ao projeto PIBID Geografia da Universidade Federal de Santa Maria, que tem o intuito de tornar o aprendizado de geografia mais dinâmico e prático baseados em novos métodos de ensino.

REFERENCIAL TEÓRICO
O ensino de geografia nas escolas necessita atualmente necessita de reformulação, afim de que sejam feitas novas considerações sobre a maneira de proporcionar o aluno maior conhecimento, na qual faça sentido a sua vida. Nesse sentido
O ensino de Geografia, assim, não se deve pautar pela descrição e enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aparência (na sua maioria das vezes impostos à “memória” dos alunos, sem real interesse por partes destes). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições.” CAVALCANTI, p.20. 1998.

Dessa forma, podemos entender que o ensino da geografia não deve basear-se em algo onde os alunos decorem o conteúdo, em algo distante do seu cotidiano. Assim é importante que sejam propostas atividades práticas onde os educando possam construir seu conhecimento. Segundo FRANCISCHETT, 2005, p. 136 “é através de atividades práticas que a criança aprende a se localizar, a se posicionar e a se orientar”.
Frequentemente ouvimos perguntas como: De onde viemos? Como iremos? Onde estamos? Para onde vamos?  Estas são mencionadas em diferentes medidas, mas nem sempre são resolvidas. Constituem-se questões que interessam, e influenciam diretamente, a vida dos indivíduos de diferentes atividades. Com globalização, a localização e orientação, ganham maior dimensão, onde os nomes dos lugares, os contextos e desfechos dos diversos tipos de representações gráficas, abrangem muitos conhecimentos em relação a nossa posição, de outras pessoas e lugares no espaço geográfico.
Localização e orientação são requisitos para o entendimento de muitas representações cartográficas, sendo de imprescindível importância para o ensino de geografia. A palavra orientação não é recente nem desconhecida, pois em meados de 1786 Kant já fazia menção a mesma em sua obra “Que significa orientar-se no pensamento?”, escrevendo da seguinte maneira:
Orientar-se, no genuíno significado da palavra, quer dizer, a partir de uma dada região cósmica (uma das quatro em que dividimos o horizonte) encontrar as restantes, ou seja, o ponto inicial. Se vejo o Sol no céu e sei que agora é meio-dia, sei encontrar o Sul, o Oeste, o Norte e o Oriente. Mas, para esse fim, preciso do sentimento de uma diferença quando ao meu próprio sujeito, a saber, a diferença entre direita e a esquerda. Dou-lhe o nome de sentimento porque, exteriormente, estes dois lados não apresentam na intuição nenhuma diferença notável (MORÃO, 2005, p.5).

Merece atenção a menção de Kant ao que chama de sentimento, o que se concluiu ser o conhecimento, aquela coisa que se aprende e que não deixando de ser uma mensagem subjetiva.  Nesse contexto o autor destaca que o individuo sem saber diferenciar esquerda e direita, em qualquer posição que se encontre, não conseguira localizar-se e muito menos orientar-se.  Pois para ele, sem a faculdade de diferenciar direita e esquerda, ao traçar um círculo, sem a ele aludir qualquer diferença dos objetos, mas diferenciando, entretanto, o movimento que vai da esquerda para a direita daquele em sentido oposto e determinando assim, a priori, uma diferença na posição dos objetos, não saberia situar o Ocidente à direita ou à esquerda do ponto Sul do horizonte. Na sequencia, deveria completar o círculo através do Norte e do Oriente, até chegar de novo ao Sul.
O processo mencionado anteriormente diferencia a localização de orientação.  Sendo que a localização parte do princípio da centralidade e lateralidade do objeto referido, ou seja, da posição em relação ao do ponto de referência. Já a orientação parte do princípio que o referente é o Oriente, usando como referência então os pontos cardeais.
É importante que o aluno se localize no espaço onde vive e entenda que isso não é “obra do acaso”. A representação cartográfica possibilita a compreensão, distribuição e organização do espaço, é uma das preocupações da Geografia. (FRANCISCHETT, 2002, p. 111). Nessa perspectiva é importante salientar que no contexto escolar do ensino de geografia concorda-se com FRANCISCHETT (2002, p.60), ao afirmar que as dificuldades em torno da aprendizagem de localização e orientação provém da falta de hábito de utilizarem, na prática cotidiana, estes conceitos. Na escola, quando muito, são feios alguns exercícios no mapa, mesmo sem este estar devidamente orientado.
Para que os conceitos e noções cartográficas, bem como qualquer outro conhecimento sejam apreendidos cognitivamente, é imprescindível uma ligação entre o que foi estudado, sua importância e significado na prática.

METODOLOGIA
Para a realização da atividade num primeiro momento foi feita uma explicação prévia a respeito das noções de espacialidade, suas funções e aplicações na prática cotidiana, bem como a importância desta na vida dos indivíduos, isso ajudou na compreensão de conceitos geográficos no que tange a questão de localização de um indivíduo ou mais no espaço em questão.
Na segunda parte, se trabalhou com localização dos alunos tendo como local de espacialização, a quadra de esportes da escola, esta serviu de base para que os educandos construíssem suas noções de localização tendo ajudado mapa-múndi. Pediu-se a eles, tendo em vista os conceitos de hemisfério norte (setentrional, boreal) e sul (meridional, austral), ocidental e oriental, com a oportunidade dos alunos visualizarem por alguns instantes o mapa-múndi, para que houvesse uma recordação da presente configuração dos países na projeção em questão.
Com o uso de um giz foi proposto aos alunos visualização dos pontos cardeais, seguida da construção e demarcação nos limites da quadra dos meridianos e dos paralelos principais. Partindo disto, foram dados alguns nomes de países pelo qual a turma inteira deveria deslocar-se aos lugares que acreditavam ser a localização exata dos países citados, orientando-se pelas demarcações na quadra dos pontos cardeais e a convenção de meridiano e paralelo.
É importante frisar que a todos os momentos foram trabalhados de forma prática usando conceitos bastante significativos da construção de um saber geográfico e sempre buscando referenciais na vida dos alunos. Os alunos durante toda a atividade, exceto nos momentos de deslocamento de um país para outro, puderam ter o auxilio o atlas geográfico no caso do surgimento de dúvidas, que puderam ser evidentes, já que implicou num momento de construção do conhecimento geográfico.
Ao término deste primeiro contato prático, houve a introdução dos conceitos de coordenadas geográficas, usando a mesma quadra como objeto de aprendizagem. Nas extremidades desta, se encontrávamos respectivos graus que representam as principais latitudes e longitudes do globo terrestre, os conceitos estavam implícitos no momento da explicação da presente atividade. Os alunos deveriam utilizar os conceitos anteriormente adquiridos até o momento, para que se orientassem. Depois de solicitado os pontos que estariam previamente georreferenciados com as respectivas latitudes e longitudes eles se deslocavam para os respectivos lugares. Estes pontos quando corretos resultavam na localização exata de determinados lugares.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A elaboração da atividade “orientando-se no espaço” foi planejada por parte do grupo PIBID, como forma de auxílio na aprendizagem do ensino de geografia, sendo pautados na abordagem cartográfica, pelo fato de oferecer aos educandos a visualização, a prática e a construção de noções básicas norteadores dessa abordagem.
As vantagens dessa atividade foram perceptíveis, pois aos poucos se observou o maior envolvimento e empenho dos alunos na busca de tentar solucionar as questões propostas, a participação dos mesmos foi muito grande, pode-se constatar a compreensão dos conceitos trabalhados através do retorno dos alunos.

CONCLUSÕES
Com base na aplicação da atividade “orientando-se no espaço” pode-se perceber o ensino de geografia não se baseia apenas nos conhecimentos dados em sala de aula, compreendendo a teoria, é necessário o desenvolvimento de práticas, na qual o aluno seja participante dessas.
Portanto entendemos que além do educando ser o autor desse conhecimento, é importante as atividades estarem relacionadas ao cotidiano, dando sentido a abordagem, favorecendo maior aprendizado e também aproveitando o que o ambiente escolar oferece.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTE, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP,1998.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. Cartografia no ensino da geografia:
construindo caminhos do cotidiano. Rio de Janeiro: KroArt, 2002.

KANT. I. (1786) Que significa orientar-se no pensamento? Tradução: Artur MORÃO, LusoSofia:press, 2005.

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