Gilda Maria
Cabral Benaduce. Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM). g.benaduce@brturbo.com.br.
INTRODUÇÃO
O ensino da
Geografia exige uma maior discussão das mudanças ocorridas no espaço e nas
relações homem/meio, que com utilização de recursos didáticos torna-se mais
fácil a percepção de um educando em relação à
transformação ocorrida no espaço, além de facilitar a compreensão dos conteúdos
de forma motivadora e prática. Auxiliando no aprendizado dos educandos que irão
entender melhor que mundo é produto do homem, da sociedade e, portanto o da
paisagem, que é cada vez mais transformada.
A elaboração dos
croquis de ilhas fictícias da Oceania e o seu uso em sala de aula tiveram como
objetivo o maior envolvimento e participação do educando na construção do saber
geográfico, bem como se buscou ilustrar a ação do homem sobre a paisagem como
agente criador e modificador do espaço geográfico. No caso os croquis das ilhas
foram um auxílio prático para provocar nos educandos a vontade de aprender mais
sobre a Oceania. Neste caso, a abordagem justifica-se pela necessidade de uma
representação concreta para ilustrar as modificações ocorridas nas paisagens
que deixam de ser naturais e passam a se constituir espaços geográficos,
diagnosticando as conseqüências da ação humana ao longo do tempo, através de
uma atividade dinâmica construída em grupo, proporcionando um ambiente
favorável para aprendizagem.
Dessa maneira a utilização
de recurso didático nas aulas de geografia é importante, pois fornece aos
alunos uma nova visão de como é formado o espaço. Segundo OLIVEIRA (2010), a
adoção do uso dos recursos didáticos, para uma melhor abordagem científica do
ensino da geografia, contribui para uma maior compreensão da sociedade como o
processo de ocupação dos espaços naturais, baseado nas relações do homem com o
ambiente, em seus desdobramentos políticos, sociais, culturais e econômicos.
Nesse sentido, o ensino da Geografia deve levar o aluno a sentir-se estimulado
a intervir significativamente na realidade em construção, com a disposição de
se constituir num agente da transformação social.
Neste contexto, a elaboração
de croquis teve como proposta de trabalho para a alunos do Instituto Estadual
Luiz Guilherme Prado Veppo, afim de que os educandos estivessem no papel de
agentes transformadores da paisagem. Segundo Rodrigues (2000) os croquis geográficos são
diferentes referenciais que servem de leitura e relacionamento com o mundo.
Desta maneira entende-se que esse material é uma forma de ler diferentes
paisagens que podem ser representadas, neste caso foram ilhas de Oceania, onde
os educandos conseguem ter uma visualização sobre como é formado esse
continente. Além disso, permite ao educando compreender a transformação do
espaço causado pela interação entre homem versus natureza, possibilitando,
dessa forma, a associação entre teoria e prática, e uma maior aproximação entre
professor e educando.
Coaduna-se com essas
reflexões FERREIRA et al.(2011), quando ressalta que:
A
prática de ensino tem uma importância fundamental na hora de trabalhar os
conteúdos, pois ela auxilia o professor na hora de ministrar suas aulas,
fazendo com que ele confronte os conceitos que trazemos do dia a dia com os
conceitos científicos. E que esse professor venha a inovar os métodos de
trabalhar que ele não utilize apenas métodos tradicionais já conhecidos, que
ele venha propor uma dinâmica em suas aulas tornando-o mais criativa. Os
conceitos geográficos são instrumentos básicos para compreender e analisar a
leitura do mundo do ponto de vista geográfico.
Diante dessa citação
entendemos como é importante apresentar novas atividades para o conhecimento do
aluno, sabendo que essa disciplina estuda as transformações do espaço no
decorrer dos anos, sobre o ensino de geografia Cavalcante (1998, p.24) afirma
que:
Entre o homem e o lugar existe uma dialética,
um constante movimento: se o espaço contribui para a formação do ser humano,
este, por sua vez, com sua intervenção, com seus gestos, com seu trabalho, com
suas atividades, transforma constantemente o espaço.
Assim compreende-se a
importância do homem como agente transformador, pois a partir dessa
representação conseguimos observar o quão é importante deixar as aulas de geografias
mais praticas para maior aprendizado sobre a constituição do espaço geográfico.
Conforme interpretação de
Mendonza e outros (1988), paisagem: “Um sistema real cujos elementos de
interações são o que são com independência da percepção ou do significado que
lhes deem as pessoas carentes do distanciamento e dos instrumentos teóricos adequados para um conhecimento objetivo” (1988, p. 132). Logo, a paisagem é composição
mental resultante de uma seleção e estruturação subjetiva a partir da
informação emitida pelo entorno, mediante o qual este se torna compreensível ao
homem e orienta seus decisões e comportamentos. (idem, ibidem, p.132).
A paisagem é um ponto de
aproximação de seu objeto de estudo que é o espaço geográfico. Nesse sentido,
SANTOS define paisagem da seguinte forma: “Tudo aquilo que nós vemos, o que
nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do
visível, aquilo que a vista abarca. não é formada apenas de volume, mas também
de cores, movimentos, odores, sons, etc.” (1988,p.61). Para ele paisagem é a
materialização de um instante da sociedade, enquanto o espaço geográfico contém
o movimento dessa sociedade, por isso paisagem e espaço constituem um par
dialético.
O espaço geográfico
corresponde ao espaço construído e alterado pelo homem; e pode ser
definido com sendo o palco das realizações humanas nas quais estão às relações
entre os homens e desses com a natureza. O espaço geográfico abriga o homem e
todos os elementos naturais, tais como relevo, clima, vegetação e tudo que nela
está inserido.
Diante dessas considerações
constata-se que o espaço geográfico não é estático, as mudanças são contínuas e
dinâmicas, ele é produto do trabalho humano sobre a natureza e todas as relações
sociais ao longo da história. É evidente que o homem necessita da natureza para
obter seu sustento, no entanto, o que tem sido promovido é uma exploração
irracional dos recursos naturais, como pode ser tomado, por exemplo, as ilhas
do continente da Oceania, altamente degradadas principalmente pela exploração
mineral. Desta forma, o espaço geográfico é produzido social e historicamente,
sendo diariamente reproduzido através do trabalho e demais atividades do homem,
revelando, ainda, as contradições e desigualdades sociais. As mudanças ocorrem
de maneira dialética; não é algo aleatório, mas sim, fruto de intencionalidades
sociais, construído de acordo com a evolução histórica e também da ciência e
técnicas presentes no território. O Espaço é, assim, um híbrido entre o meio
natural e a técnica, com múltiplas relações que se caracterizam através dos
objetos (formas) e ações (conteúdos) pelo transcorrer do tempo (SANTOS, 2009).
No intento de qualificar
nossa compreensão de espaço sob a perspectiva analítica geográfica crítica,
“como ponto de partida, propõem-se que o espaço seja definido como um conjunto
indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações” (SANTOS, 2009, p.
21). Surge a partir da intencionalidade social por meio da qual o homem se apropria
do espaço natural transformando-o, através do trabalho, em espaço geográfico,
ou seja, são resultado e condição da dinamicidade de relações que os homens
estabelecem cotidianamente entre si, com a natureza e consigo mesmo.
MATERIAIS
E MÉTODOS
Pretende-se com esse
trabalho, a melhor compreensão sobre a exploração de ilhas, com referencia ao
continente Oceania, através da construção de dois croquis. Desta maneira
primeiramente elaboramos os recursos didáticos utilizando materiais como:
isopor, argila, jornal, cola, tinta e serragem colorida.
A partir da elaboração dos
croquis, levamos estes até o Instituto Estadual Luiz Guilherme Prado Veppo,
onde proporcionou aos estudantes o entendimento de como ocorre a exploração de
ilhas, sendo que este tipo de território possui menor extensão. Desta maneira
para que os educandos conseguissem visualizar a grande modificação que pode ser
feita a partir da ocupação foram elaboradas duas atividades, a primeira
correspondendo aos alunos se acomodarem ao redor de um dos croquis, após este
momento colocamos tinta preta, simbolizando a exploração de petróleo, em uma
colher pequena, a partir disso os educandos tinham que passar a colher de um
para outro derrubando o mínimo possível de tinta preta. A segunda atividade os
alunos deveriam passar a colher de um para outro uma colher com purpurina,
ilustrando o ouro, da mesma forma que anteriormente, derrubando a menor
quantidade possível.
Neste contexto, posteriormente as atividades,
colocamos os dois croquis (um ao lado do outro) no meio da sala de aula, onde se
possibilitou a visualização por todos os presentes, compreendendo como a
exploração de recursos naturais prejudica a natureza e modifica a paisagem. Dessa
maneira a observação destes croquis, sendo que um modificado correspondeu à
parte final para maior aprendizado sobre a composição do espaço geográfico.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
O uso dos croquis como
auxilio didático para as aulas de Geografia, torna-se uma importante ferramenta
de ensino-aprendizagem, pois contribui para dinamizar as aulas, permitindo ao
educador utilizar-se desse recurso, para que a aquisição do conhecimento ocorra
de forma prática e assim os educandos entendam a teoria. Além disso, os croquis
dão à idéia de forma dimensionada do fenômeno que estão representando,
possibilitando a ilustração direta dos mesmos, resultando assim em uma analise
e compreensão de maneira integrada.
Entretanto, cabe destacar
que os recursos didáticos, por sua vez, não têm a capacidade de garantir
inteiramente a aprendizagem do educando, mas desperta maior interesse pela
aula, pois possibilita com que estes se envolvam e participem de forma ativa
trabalhando com um recurso concreto e palpável.
Através do uso dos croquis
das ilhas fictícias da Oceania, se obtiveram resultados positivos, os educandos
se envolveram com a atividade proposta assumindo papéis de diferentes
personagens que atuariam sobre essas áreas, a criatividade foi enorme, o
entusiasmo em ver os croquis e querer manusear os materiais que representavam
os recursos minerais foi grande.
A atividade exigiu trabalho
em grupo e cooperação de todos. Os educandos conseguiram compreender os
conceitos de paisagem, espaço geográfico, os impactos ambientais causados nas
ilhas da Oceania pela ação do homem principalmente aqueles resultantes das
ações de grandes empresas mineradoras. Conceitos trabalhados no ensino de
geografia geralmente de maneira tradicional apenas explicado oralmente pelo
educador sem grande participação dos educandos, pelo uso dos croquis os
conceitos foram construídos a partir da ação e percepção dos educandos de
maneira conjunta.
A compreensão e o
aprendizado do conteúdo por parte dos educandos pode ser percebida através de
suas apresentações e respostas que davam à questionamentos feitos pelos
educadores, a questão que mais chamou atenção foi a escolha dos educandos quando indagados em
qual ilha preferiam morar se na ilha de paisagem natural ou na ilha que já se
constituía num espaço geográfico, elaboraram suas respostas realçando os
aspectos positivos e os negativos que se encontravam em ambas ilhas,
demonstrando que a atividade proporcionou o correto entendimento do conteúdo
abordado em aula.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Com base na pesquisa, chegou-se a conclusão da importância
de se utilizar recursos didáticos em sala de aula, uma vez que, o educador é o
elo entre o ensino e a aprendizagem, devendo sempre procurar maneiras de
ampliar as formas de ministrar o conteúdo, com o intuito de despertar o
interesse de seus educandos. Sendo que, dependendo do método que ele utilizará
poderá proporcionar aulas criativas, e o croqui é um meio de intensificar os
conhecimentos dos educandos de forma mais compreensível e menos teórica.
A
proposta de elaboração dos croquis representando ilhas ficticias da Oceania era
propor a participação do educando na construção do conhecimento a respeito da
ação humana, fazendo assim uma analise integrada da paisagem para entender a
transformação do local apresentado.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTI, L. S. GEOGRAFIA, ESCOLA E CONSTRUÇÃO
DE CONHECIMENTOS. Campinas, SP: Papirus, 1998.
FERREIRA, A. A.; RODRIGUES, S. X. C.; JESUS,
J. N de. A importância da prática no
ensino de Geografia. IV EDIPE – Encontro Estadual de Didática e Prática de
Ensino ‐ 2011.
MENDOZA,
Josefina G. Et Alii. El Pensamiento
Geografico. Barcelona: Alianza Editorial, 1988.
OLIVEIRA, Maria Luíza Tavares de. Ensino de Geografia na Contemporaneidade: o
Uso de Recursos Didáticos na sua abordagem. 10º Encontro Nacional de
Prática de Ensino em Geografia - ENPEG, de 30 de agosto a 2 de setembro de
2010, Porto Alegre.
RODRIGUES,
N. Por Uma Nova Escola - O transitório e
o permanente na educação. São Paulo: Cortez, 2000.
SANTOS,
Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.
SANTOS,
Milton. Metamorfoses do espaço habitado.
São Paulo: HUCITEC, 1988.
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